
Uma ideia deve ser testada junto a seu público-alvo, cujas características determinam até o preço da novidade. Com base nele, calculam-se as margens de lucro que afetarão a decisão de levar adiante ou não o projeto. Portanto, quando se fala em processo de inovação, segundo Philip Kotler, tudo começa com uma simples pergunta: para quem o produto se destina?
Em sua apresentação no Special Management Program HSM, Kotler explicou que, tendo se decidido pelo lançamento de um produto, é preciso criar um “buzz” em torno dele, isto é, fazer com que ele se torne assunto. Emblemático nessa matéria é o empresário Richard Branson, criador da marca Virgin, à qual ele conseguiu imprimir o caráter de “inovadora”.
Branson só entra em um setor se puder levar algo de novo e divertido a ele. “Quando entrou no setor de companhias aéreas, foi o primeiro a oferecer sorvetes e massagens no voo. Quando decidiu vender vestidos de noiva, apareceu vestindo um dos modelos numa coletiva de imprensa”, comentou Kotler, que indagou: “Será que há alguém em sua empresa que pensa em formas de atrair a atenção? O Eike Batista, por exemplo, atrai muita atenção no Brasil”, destacou.
Buscar formadores de opinião para divulgar uma ideia ou um produto é um caminho tradicional válido, mas, para criar o buzz desejado, a recomendação é que se tenha em mente os três divulgadores identificados por Malcolm Gladwell: especialistas, conectores e vendedores.
O especialista pode experimentar um novo vinho e comentar sobre ele em seu círculo restrito de amigos. O conector, embora não seja um expert, conhece muitas pessoas e indicará a elas o vinho. Já o vendedor é o tipo persuasivo, que ajudará a criar interesse epidêmico pela bebida. Essas pessoas podem fazer o buzz gratuitamente, mas há quem seja profissional no assunto. David Balter, por exemplo, criou uma agência especializada, a BzzAgent.com.
A gestão da comunicação na Era Digital
Tendo abordado diferentes facetas do estudo do comportamento do consumidor, incluindo as que fazem uso de técnicas ligadas à neurociência (como a ZMET), e questões ligadas às emoções nas relações B2B, Kotler considerou as transformações causadas pela tecnologia digital. Segundo ele, a tendência mais forte hoje é o mobile marketing. “Você tem de estar no celular das pessoas certas. Cerca de 80% dos consumidores da região Ásia-Pacífico já contam com o smartphone para ajudá-las nas compras”.
Os diretores de marketing, entretanto, não estão preparados para trabalhar no mundo digital, segundo estudo da IBM realizado em 64 países, em 2011: 80% desses profissionais ainda confiam principalmente nas fontes tradicionais de informação, como a pesquisa de mercado –não usam, ou pouco usam, o Google Alerts. “São pessoas que não cresceram com o mundo digital”, pontuou o palestrante.
Ele alertou que a mudança dos investimentos em mídia tradicional para a digital deve ser gradual. Como exemplo do que não fazer, relatou o caso de uma empresa que transferiu metade de seu orçamento de publicidade para o meio digital de uma só vez. “Foi um desastre total! É melhor separar 10% do orçamento e deixar sob responsabilidade de um jovem que tenha nascido na era digital, e ele vai dizer se a empresa deve figurar no Facebook ou YouTube. Se conseguir impulsionar vendas, então outros 10% do orçamento devem migrar para o digital”, aconselhou.
Ao ampliar a atuação em ambientes digitais, uma companhia deve considerar, entre outros passos, comprar informações sobre os hábitos dos clientes de navegação na internet; incentivar o contato dos clientes para esclarecimento de dúvidas ou compartilhamento de ideias, o que gera aprendizado; monitorar as conversas em redes sociais para obter insights e detectar tendências, além de compartilhar conteúdo com clientes e prospects. “Uma empresa de assistência médica, por exemplo, poderia enviar artigos interessantes sobre como se pode parar de fumar. O objetivo não deve ser vender nada”, finalizou o “pai do marketing”.





