Sindicato das Indústrias Metalmecânicas do Médio Paraíba Fluminense aposta na prestação de serviços para manter quadro de associados ativos
O fim da contribuição compulsória do chamado imposto sindical trouxe uma nova realidade para os sindicatos brasileiros, tanto de trabalhadores como patronais. Para uns, a desobrigação do pagamento do imposto fará com que a maior parte dos sindicatos simplesmente feche as portas, sufocada pela falta de recursos. Para outros, trata-se de uma excelente oportunidade das entidades se reinventarem e modificarem suas relações com os associados, apostando no associativismo.
Os números realmente são assustadores. Estima-se que nada menos do que 70% da arrecadação dos sindicatos provém da contribuição sindical, que até a reforma trabalhista era obrigatória. No primeiro ano da reforma trabalhista, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo, os sindicatos perderam, em média, 90% do montante arrecadado com o imposto. Dados oficias mostram que a arrecadação do imposto caiu quase 90%, de R$ 3,64 bilhões em 2017 para R$ 500 milhões no ano passado.
METALSUL, EXEMPLO DE ATUAÇÃO DIANTE DESSA NOVA REALIDADE
O que os sindicatos devem fazer diante dessa realidade nua e crua? Se reinventar, oferecer aos seus associados uma gestão atrativa, com representatividade e produtos e serviços, fazendo valer à pena a contribuição mensal. Para cobrar, é preciso oferecer algo que tenha valor, que valha à pena. O Metalsul – Sindicato das Indústrias Metalmecânicas do Médio Paraíba Fluminense – é um excelente exemplo de como enfrentar essa nova realidade, atraindo e fidelizando associados, o que é fundamental para uma entidade sindical. Localizado em Volta Redonda e fundado em 1982, a partir da associação de empresas regionais dos segmentos de siderurgia, metalurgia, mecânica e equipamentos de informática e eletroeletrônicos, o Metalsul conta, hoje, com 200 empresas associadas, sendo uma das maiores entidades sindicais patronais do estado do Rio de Janeiro em seu segmento.
Em 2017, a entidade já havia percebido a necessidade de se reinventar, diante de um quadro penoso: as empresas estavam deixando de pagar a contribuição assistencial mensal, não obrigatório, por conta da crise que castigava o setor produtivo nacional.
– Diante da crise, a primeira iniciativa é cortar custos. As empresas estavam começando a parar de pagar o sindicato, e isso começou a afetar o nosso faturamento. Nossa diretoria entendeu que era preciso fazer algo diferente, oferecendo produtos e serviços que agregassem valor aos nossos associados – afirma a presidente do Metalsul, Adriana Cristina Silva Luiz.
EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS, METALSUL PARTICIPA DA APL METALMECÂNICO DO MÉDIO PARAÍBA
O Metalsul é uma das entidades que compõem a governança do Arranjo Produtivo Local (APL) Metalmecânico do Médio Paraíba, ao lado da Firjan, Sebrae/RJ e do governo do Estado do Rio de Janeiro (Secretaria de Desenvolvimento). O APL reúne empresas da região com o objetivo de fomentar o desenvolvimento e fortalecer o setor por meio de ações de formação profissional, capacitação empresarial, acesso a novas tecnologias e informações. Essa realidade tem feito toda a diferença, permitindo à entidade parcerias fortes e recursos para ações que apontem na direção dos anseios dos associados.
Entre outros pontos, o APL trabalha o acesso ao mercado, facilita o associado a encontrar novos mercados, capacita profissionalmente as empresas e o chão de fábrica, investe em tecnologia e inovação e fortalece o associativismo. A presidente do Metalsul diz que os resultados começam a aparecer, e cita a criação de uma plataforma digital que reunirá dados de inventário de universidades, entidades e empresas, disponibilizados para fomentar parcerias. A ferramenta está em fase final de criação. O sindicato também passou a oferecer uma série de outros produtos e serviços, como convênios, cursos profissionalizantes, palestras e workshops, entre outras ações que agregam valor à contribuição sindical espontânea dos associados.
Para fazer valer tantas mudanças, a entidade realizou para 2018 um planejamento estratégico, que ficou a cargo da DUPLO FOCO. O objetivo, segundo Adriana, foi traçar objetivos, organizar as estratégias, pensar em como torná-las realidade e executá-las. A entidade já havia recorrido a esse recurso anteriormente, então sabia do seu valor:
– É preciso ter um direcionamento, um norte. O planejamento estratégico é importantíssimo porque nos permite traçar uma estratégia, o que será feito, por quem, em que tempo e como. A gente planeja, implementa, executa e acompanha. Tem que se organizar, senão nada acontece. A DUPLO FOCO nos acompanhou e deu o direcionamento do trabalho. Tínhamos ideias, que foram aprofundadas e organizadas nesse plano estratégico. Realmente é uma ferramenta importantíssima – garante Adriana.
DUPLO FOCO CRIA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O SINDICATO
O desenvolvimento do planejamento estratégico para o Metalsul por parte da DUPLO FOCO começou com uma discussão mais aprofundada sobre a APL e um amplo levantamento sobre o que existia e o que precisava ser retrabalhado na entidade.
Foram definidos como focos estratégicos o fortalecimento do associativismo, o desenvolvimento de um modelo de gestão, a elaboração do plano de relacionamento e comunicação do APL, o fomento de uma política industrial regional e o acesso a mercados. Em seguida, uma agenda de trabalho foi criada para avaliar e validar os focos estratégicos, avaliar as ações anteriores, propor novas ações e estruturar um plano de ação, para garantir a implantação das novas medidas.
COMO FOI DESENVOLVIDO?
Foram elencadas dez áreas temáticas a serem desenvolvidas: Eventos, Educação, Capacitação, Associativismo, Marketing e Vendas, Infraestrutura, Administração de Recursos, Políticas Públicas, Comunicação Interna e Novos Projetos. As ações foram estruturadas e definidos os responsáveis, quando e como implementá-las e com quais recursos.
Por fim, foi proposta a gestão à vista, ponto chave para se garantir a implantação do plano de ação (Gestão Sistematizada de Resultados e medição de resultados). A gestão à vista é fundamental e imprescindível para que a implantação do plano estratégico aconteça de fato (execução) e que suas ações gerem resultados satisfatórios.
Postura
A partir da reforma trabalhista, o Metalsul perdeu em torno de 60% da receita com a contribuição sindical. Mas mantem-se firme e forte, representando o setor Metalmecânico no Médio Paraíba, estimulando o mercado e contribuindo efetivamente para o crescimento sustentável das empresas associadas. Ao invés de se lamentar e chorar mágoas, a entidade preferiu o trabalho.
– Estamos trabalhando, lançando produtos e serviços que agreguem valor aos nossos associados. Nós vemos o Metalsul como uma associação de empresários que têm objetivos comuns e uma ação organizada. Nunca é demais lembrar que não precisamos apenas do dinheiro do associado. É preciso que ele participe também – finaliza a presidente do Metalsul.